angoisse
Je ne viens pas ce soir vaincre ton corps, ô bête
En qui vont les péchés d'un peuple, ni creuser
Dans tes cheveux impurs une triste tempête
Sous l'incurable ennui que verse mon baiser:
Je demande à ton lit le lourd sommeil sans songes
Planant sous les rideaux inconnus du remords,
Et que tu peux goûter aprés tes noirs mensonges,
Toi qui sur le néant en sais plus que les morts:
Car le Vice, rongeant ma native noblesse,
M'a comme toi marqué de sa stérilité,
Mais tandis que ton sein de pierre est habité
Par un coeur que la dent d'aucun crime ne blesse,
Je fuis, pâle, défait, hanté par mon linceul,
Ayant peur de mourir lorsque je couche seul.
(Stéphane Mallarmé, 1842-1898)
angústia
Essa noite eu não venho devastar teu corpo, ó besta
No qual vivem os pecados de um povo, nem cavar
Nos teus cabelos impuros uma triste tempestade
Sob o incurável fastio que verte de meu beijo:
Demando de tua cama o fatigante sono sem sonhos
Planando sob as estranhas cortinas do remorso,
E que tu possas degustar das tuas mentiras negras,
Tu que sobre o nada ensaias mais do que a morte:
Pois o vício, roendo minha inata nobreza,
Marcou-me, como a ti, de sua esterilidade,
Dizendo que teu seio de pedra é habitado
Por um coração que o dente do crime não fere;
Eu fujo, pálido, destruído, chamado por minha mortalha,
Tendo medo de morrer quando me deito só.
(traduction libre)