mrs. jesus está de volta. E agora escreve. Mas seu caderninho verde já está cheio. Anotações, referências, cópias, produções suas. Sangue, sangue e mais sangue.
mrs. jesus está inquieta. Suas palavras querem desgrudar-se de suas carnes, elas aspiram mais virtualidade, querem chorar e tossir e sujar de vermelho as linhas retas sobre as quais pendem em desespero, dependuradas.
Quem é mrs. jesus? Bom, seu corpo não pesa, não tem volume. Tem porém suficiente substância para poder achar-se enredado. Preso em uma cama da qual não pode sair, mora num casebre que guarda marcas invisíveis de outros moradores. Seu endereço: Virginia Hills. Sem número, morada singular, vazia. Porém mal-assombrada. Fantasmas e sombras habitam os cômodos de um castelo na mais alta colina, lugar sem donos cujos cuidados assumem senhores, fantasmas e sombras. Na lareira queimam fogos de todas as cores, mas a fumaça que pinta as paredes é negra e desenha aberrantes figuras que, retorcidas umas sobre as outras, escapam a qualquer tentativa de figuração. Pura abstração, o castelo de mrs. jesus, em Virginia Hills, não pode ser tocado; o viajante desavisado pode tentar lhe subir as escadas, e fazendo isso só o que verá serão as brumas carregadas de odores embriagantes e mãos lhe puxando os braços, arrancando-lhe as roupas.