o monge e a prostituta
Era uma vez um monge. Ele passava a vida perguntando a si mesmo: algum dia, meu Deus; algum dia viverei em um mundo onde n�o nas�a condenado � morte? E repetia religiosamente os seus dois mil flagelos di�rios, tomados logo ap�s o caf� e o rem�dio para o cora��o. Esperava alcan�ar um estado, uma ilumina��o, um lugar onde fome fosse apenas uma palavra. Enquanto isso, comia at� estourar e co�ava a cabe�a at� fazer feridas. Certo dia, trope�ou, caiu. Ao levantar-se, viu uma barata abandonando a casca no canto do quarto. Nesse mesmo dia, jogou fora todos os crucifixos; passou a colecionar cascas de baratas.
Era uma vez uma prostituta. Estava no ramo j� h� quase vinte anos. A concorr�ncia alta fazia com que s� ganhasse o suficiente para cigarros e camisinhas. Morava e comia de favor nos fundos de um homem que vestia-se de preto e dizia que a sustentava porque, ao v�-la, lembrava-se de sua filha morta.