sobre o nada

Perda. Luto. Melancolia. O vazio não cabe em uma só palavra. É preciso escrever mais. Vamos lá.

Minha colega saiu da minha casa, pegou uma lotação. A lotação caiu de um abismo e dois passageiros saltaram. Suas carnes desmaterializaram-se e agora escondem-se dentro de uma caixa sob a terra. Já o salto, esse foi em direção a um paraíso onde o corpo não é o biológico, porque o corpo nunca foi o biológico. Porque até mesmo o corpo biológico é composto de duas palavras, e mais algumas, que só servem para detalhá-lo em mãos, pernas e coluna. Os olhos, esses não são esferas cheias de líquido. São sentidos e maneiras de ver, dardos lançados pela boca e que voam eternamente arranhando as testas das pessoas que ficaram. O salto é alto, e grande, o destino é o nada fundamental, o lugar da nossa sempre ambígua mortalidade.


Funny time of year

These silent words of conversation
Hold me now this adulation
See me now
Oh it's easy now


Falling like a silent paper
Holding on to what may be


And I only hear
Only hear the rain

And many rains turn to rivers
Winter's here
And there ain't nothing gonna change
The winds are blowing, telling me all I hear
Oh, it's a funny time of year
There'll be no blossom on the trees

Turning now I see no reason
The voice of love so out of season
I need you now
But you can't see me now
I'm travelling with no destination
Still hanging on to what may be

It's a funny time of year
I can see
There'll be no blossom on the trees
And time spent cryin' has taken me in this year
Oh it's a funny time of year
There'll be no blossom on the trees.

(Beth Gibbons)